RAQUEL DIAS ARTWORK

Actress and craftswoman. From the stages of theaters in Lisbon to a workshop in a mansard roof in Sintra. Using the ancient knowledge of ceramics and enameled copper, narratives are staged with characters from fairy tales, the circus, the collective unconscious, the exuberant nature of the mountain. A dreamlike landscape in which nature and animals are protagonists in the company of a marvelled Alice or an enchanted Ophelia. And so a rooster grows on the lapel of a coat, a water lily hangs from an attentive ear, a hummingbird pecks a flower on one's chest, a medusa swims over a dress and a girl swings at one's neck. With the word, clay, metal and glass you discover the beauty and the strangeness of things. Imagination in power.

Art expresses itself where it can at every moment. I started as a freelance actress, doing the roles that were asked of me in cinema, theater or television. Then I went through the experience of belonging to a theater company (First Symptoms). Finally I created my own company (Voz Humana) where I had the opportunity to participate in all areas of the production of a theater play. The work explored here had to do with women and the feminine principle, which includes more than women. After this stage I moved on to the visual arts. First I learned the art of working copper and enameling it. I developed an imagery linked to animals, nature, circus characters, masks, exuberant women, imaginary beings, everything very cut out and detailed.

However, the two-dimensionality and hardness of the material made me look for another more malleable means of expression. Clay emerged as a solution through the discovery of the Caldas da Rainha school, CENCAL, and the path was traced naturally again.

Both theater and copper and clay are millenary arts and I like the idea of ​​continuity in the gesture of our ancestors. The feminine, the spectacle, the mask, burlesque, myths and legends, the huge cabinet of curiosities that nature offers us are the themes that I pursue in all areas.

There is something very powerful about representing the human form and the elements of nature. Recognition of representation is a way of distancing ourselves from ourselves, we are able to see externally what we are and reinterpret ourselves.

Deep down, I seek spiritual transmutation, the sacred in the midst of our materialistic Western world, devoid of spirituality.

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Actriz e Artesã. Dos palcos dos teatros em Lisboa para uma oficina numa água furtada em Sintra. Usando os saberes milenares da cerâmica e do cobre esmaltado, encenam-se narrativas com personagens de contos de fadas, do circo, do inconsciente colectivo, da natureza exuberate da serra.

Uma paisagem onírica em que a natureza e os animais são protagonistas na companhia de uma Alice maravilhada ou de uma Ofélia encantada. E assim um galo canta na lapela de um casaco, um nenúfar pende de um ouvido atento, um colibri debica uma flôr ao peito, medusas nadam por um vestido e uma menina baloiça-se ao pescoço.

Com a palavra, o barro, o metal e o vidro descobre-se a beleza e a estranheza das coisas. A imaginação no poder.

A arte expressa-se por onde pode a cada momento. Comecei como actriz freelancer, a fazer os papéis que me pediam no cinema, no teatro ou na televisão. Depois passei pela experiência de pertencer a uma companhia de teatro (Primeiros Sintomas).

Finalmente criei a minha própria companhia (Voz Humana) onde tive a possibilidade de participar em todas as áreas da produção de uma peça de teatro. O trabalho aqui explorado teve a ver com a mulher e com o príncípio feminino que inclui mais do que a mulher.

Depois desta etapa passei para as artes plásticas. Primeiro aprendi a arte de trabalhar o cobre e de esmaltá-lo. Desenvolvi um imaginário ligado aos bichos, á natureza, personagens do circo, máscaras, mulheres exuberantes, seres imaginários, tudo muito recortado e pormenorizado.

No entanto a bidimensionalidade e a dureza do material fizeram com que eu procurasse outro meio de expressão mais maleável. O barro surgiu como solução através da descoberta da escola das Caldas da Rainha, o CENCAL e o caminho voltou a traçar-se naturalmente.

Tanto o teatro, como o cobre, como o barro são artes milenares e agrada-me a ideia da continuidade do gesto dos antepassados. O feminino, o espectáculo, a máscara, o burlesco, os mitos e as lendas, o enorme gabinete de curiosidaes que a natureza nos oferece são os temas que persigo em todas as áreas.

Há qualquer coisa de muito poderoso quando se representa a forma humana e os elementos da natureza. O reconhecimento da representação é uma forma de distânciamento de nós mesmos, conseguimos ver de forma externa aquilo que somos e reinterpretarmos.

No fundo busco a transmutação espiritual, o sagrado no meio do nosso mundo ocidental materialista e despojado de espiritualidade.